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“A Filha de Ninguém” é o nome de uma das obras de Manuela Bulcão e que foi apresentada ontem à noite, na Fundação Jorge Antunes.
Através deste romance, a escritora açoreana dá voz aos gritos de revolta das mulheres que nos anos 60 e 70 pagaram caro a fatura da insularidade, numa altura em que não havia espaço para sonhos, pois da mulher se esperava apenas um casamento remediado.
A sua missão no mundo era ter filhos, servir o marido, ser objeto de prazer e ajudar os outros a serem felizes. Manuela Bulcão disse mesmo que, nessa altura, a mulher “era um eletrodoméstico que funcionava aos encontrões”. Deste sentimento de amargura permanente de quem sonhava ir mais além nasceu esta história que se desenrola no Faial, na Ilha do Pico, nos Açores. Mas é no continente que Manuela Bulcão vive desde 1988. Diz que o livro não é autobiográfico, mas garante que nele estão retratadas histórias de mulheres de todo o mundo, aquelas que ousaram levantar a cabeça e que acabaram marginalizadas pela sociedade. No entanto, só no próximo livro se fará justiça, garantiu a escritora. Apesar dos tempos serem outros, a açoreana defende que os erros do passado não podem passar impunes, porque estas mulheres pagaram muito caro pelo facto de serem diferentes, numa altura em que eram impedidas de ler e escrever e nunca chegaram a ser compreendidas.
A apresentação do livro “A Filha de Ninguém” de Manuela Bulcão esteve a cargo de Conceição Lima, autora da “Hora da Poesia” da Rádio Vizela, sendo que as vendas vão reverter para a Aldeia de Crianças SOS de Gulpilhares, localizada numa pequena localidade do concelho de Vila Nova de Gaia.

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